Pedaços Humanos

sábado, 1 de maio de 2010

Suma


'Eu não quero saber. Não quero ouvir seus motivos, foda-se você e seus motivos. Quero sentir muita raiva que assim, quem sabe, paro de esperar que você entenda o que digo e sinto.
Não me interessa se o carro quebrou e isso te atrasou. Tô cagando se você comeu o último pedaço da minha torta de chocolate porque achou que eu tinha deixado pra você. Não quero saber da reunião que deixou você preso até tarde no trabalho. Sabe por quê? Por que eu acredito em tudo que você diz. Caio que nem pata. Viro criança diante de suas explicações e promessas.
Então, chegue tarde mesmo. Porque quanto mais sei sobre você, mais vejo que tô atolada num monte de sujeira, num poço sem fundo de mentiras. E quando mais me enfio nessa lama, mais quero provar pra mim que posso vencer, que podemos vencer. Que posso te conquistar de novo e voltar aos tempos em que íamos juntos ao cinema, ríamos dos vizinhos que vivem discutindo, tirávamos par ou ímpar pra ver quem atenderia ao telefone.
Cansei de viver nessa ilusão. Pare de se explicar. Agora quero me desiludir, quero parar de te amar e odiar, pra sentir apenas indiferença. Não me elogie, não me chame pra nada, esculache. Faça uma festa com strippers na sala onde te dei endoidecida pela primeira vez. Venda minha bicicleta, foda-se, faça qualquer coisa, não me importa. Só não quero mais olhar pra você e ter esperança.
Você fez eu me odiar por acreditar que as coisas poderiam mudar, por me transformar num nada, num merengue, numa coisa amorfa e passiva diante de seus argumentos furados. Mas o pior foi me convencer de que eu não seria nada sem você sem nunca ter dito isso, apenas me excluindo, mentindo, me colocando por baixo. Me fazendo correr atrás, quase implorando pela sua atenção.
Pois agora chega. Não tenho fôlego, forças, não quero mais tentar. Quero deixar de amar você agora, hoje, nesse exato segundo, antes que deixe de gostar de mim mesma.'

(Blog 'redatoras de merda')

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