Pedaços Humanos

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Algodão-doce


'Deitada no jardim olhava o algodão-doce do céu. Pensou ser por isso o céu chamado de Paraíso. Se lá se anda por tão doce algodão, imagine o resto. O vento sorrateiro fazia afago no cabelo e os olhos se fecharam a tão terno toque. Foi quando gotas caíram sobre si. Que há de ser? Abriu os olhos e viu que o algodão-doce chorava. Sentiu dó, mas também achou lindo. Lembrou-se de perguntar, então: que haveria de ser algodão, se tão doces e no Paraíso, ainda choras? Ele pouco disse, ela também pouco entendeu. Compreendeu um pouco que os motivos nem sempre importam, sempre coisas virão e levarão nossas lágrimas. Compreendeu, mais um pouco, que há de ser bonito, que precisa ser. E que se é doçura que se tem, é doçura que se chora. Desde aquele dia, pensa ela, que a chuva é nada além de lágrimas suaves, de alguém que, não importa o que esteja sentindo, faz da sua vida - na dor ou na ternura – beleza, arte e doçura.'

(blog ' eu amaria')

Nenhum comentário:

Postar um comentário