Pedaços Humanos

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Eu espero


'Desde que acordei percebi que estava em outro lugar. Demorei a me mexer, a sentar, a observar. Mantive resoluto silêncio em meio a tantas vozes. Fiquei ainda um pouco tonta, esfreguei os olhos e ainda silenciosamente observei este lugar. Havia uma lembrança como que irreal. Definitivamente essa não era minha vida. Olhava e tentava me situar. Era outra vida. Alguns rostos conhecidos, mas em papéis diferentes; o mesmo lugar, mas sem o mesmo cheiro. Mas eu estava perdida. Senti-me como se acordasse depois de uma amnésia. O que estou fazendo aqui? Onde estão eles? Eles não estavam aqui. Procurei nos quartos, na varanda, atrás das portas, nos banheiros. Depois passei para procura interna. Dentro de mim, em qualquer lugar onde pudessem estar. Eles se perderam ou fui eu? Foi sem querer ou foi escolha? E agora? E agora o que faço sem eles? Como saberei por que eles me deixaram aqui? Não era correspondido? Mas não havia a promessa de não abandonar jamais? O que estava acontecendo? Porque eles não estavam mais aqui comigo? Hoje me dei conta de que as promessas de companhia eterna era nada além do que o próprio eco de minhas palavras e meu desejo. E que a reciprocidade que eu cria, não era concreta. E agora estou eu nesta vida desconhecida, esperando quem sabe um dia acordar e tê-los novamente do meu lado, como quem também estivesse à minha espera.'


( blog 'euamaria')

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