Pedaços Humanos

quinta-feira, 1 de março de 2012

Meus livros

Cheguei a conclusão de que, para nos entendermos e, quem sabe, entender o que se passou com o que tínhamos juntos, basta olhar para como agimos com nossos livros. Você enrola a mesma leitura há mais de seis meses. Começou a ler porque me viu devorar o livro e amar cada página e resolveu que seria bom pra você amar a m...esma coisa que eu. Resolveu esquecer os livros que estavam te esperando ansiosamente na estante e ler primeiro o que você pensou que deveria gostar. Enquanto isso, eu ganhei de você apenas livros que eu já planejava porque você sabia que isso me valia mais do que qualquer outro presente. Nenhuma novidade, opinião formada e, mesmo assim, muita vontade de mergulhar em todos eles ao mesmo tempo, decorar as melhores partes de cada um e dobrar a pontinha das folhas que eu não queria esquecer nunca mais. Com a gente foi a mesma coisa. Você enrolou, horas esquecia o livro na mochila, horas em cima da cômoda. Cômodo. Você não leu nem os livros que queria e nem terminou a leitura que começou pra me agradar. E eu, amando tudo o que vinha de ti, sem perder a minha essência, fui lendo tudo ao mesmo tempo, sublinhando as melhores partes, escrevendo em um papel os parágrafos mais bonitos para depois poder te mostrar e saber se você concordaria. Hoje eu preferia que você odiasse meus livros, mas me contasse quais são seus autores favoritos, quais os títulos que sempre te chamaram atenção. Eu preferia a verdade, mesmo que fosse pra você me dizer que odeia ler porque acha uma perda de tempo e prefere fazer outras coisas. Ou você poderia simplesmente não feito nada, podia ter deixado o dito pelo não dito; o lido pelo não lido; o sinto pelo não ligo. Mas você não leu nem o primeiro livro. Não leu e não me devolveu. Um dos meus livros preferidos continua esquecido em algum canto da sua casa. Você deixou o tempo passar.

Tayna Saes

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