Pedaços Humanos

domingo, 29 de agosto de 2010

Ilusão do apelo

"Peço que me desculpe por toda minha ausência, que se faria presença se tivesse me permitido, ao menos uma vez. Peço que me desculpe, por todas as palavras ditas, muitas vezes sem sentido - pra mim, que se tornou dor - pra você. Peço que não me olhes mais com aqueles olhos magoados, magoados das dores que causei, o tempo passa, as pessoas mudam, e eu mudei. Não pense que não me dói saber que te dói as palavras antigas, os atos antigos. O que te causou dor ontem me dói hoje, pois foi parte de mim, me envergonho de ter sido frio, aparentemente sem sentimento, mas sentimento tenho e muito, por dentro. Hoje vejo com teus olhos tudo que fiz, e o que não fiz, meus erros, vacilos e olhares não trocados, mas pensados no silêncio da noite com a cabeça encostada no travesseiro, que recebera por diversas vezes lágrimas tristes e verdadeiras. Menti quando a palavra ódio saiu da minha boca, jamais o senti, mas porque mesmo falei? Errei mais uma vez, e percebo que não é nada demais assumir isso, que chegar olhar nos teus olhos - difícil de se fazer algumas vezes - e dizer que jamais senti isso por você, não vai me fazer menor, mas sim crescer o ser que brota dentro de mim, e talvez de você. Possa ser que estas palavras não lhe sirvam de nada, que não diminua o que foi rasgado ai dentro, mas me amedronta pensar nessa possibilidade.. Desculpa, desculpa! Talvez seja a única palavra que possa te dizer neste momento, e é verdade. Sinto por ser deveras vezes confuso, egoísta, até infantil, assumo, e não há mal algum em assumir, não há, pra que temer? Se pelo menos pra mim o que importa é olhar a estrada logo a frente e dar o primeiro passo, sem pensar se ela é longa ou não, mas saber principalmente que é necessário percorrer seus caminhos. Presumo que nunca lhe disse palavras semelhantes a estas, ou metade delas, ou nenhuma delas, mas por diversas vezes me peguei com seu rosto em mente, e pensando no futuro, o que me reservaria, o que nos reservaria se de fato fosse pra nos encontrarmos mais uma vez; guardei esses pensamentos pra mim, num lugar bem guardado, pois não sabia ao certo o que significava, por medo. Mas quem sabe um dia estas palavras aqui escritas cheguem até você, quem sabe um dia eu perca a vergonha. Sei que chegarão. E talvez você sorria achando graça da minha confusão. Seria difícil e até impossível falar tudo isso olhando pra você. Seu olhar acaba desviando o meu, não sei ainda o porquê, mas estou aprendendo a lidar com ele. Quando penso no que escrever, lembro de você deitada em seu quarto, com um olhar meio tristonho, mas de uma menina que aprendeu com a vida, talvez de forma dura, mas aprendeu, e em parte me orgulho disso. Não me orgulho mais, pois sei que parte dessa dureza foi causada por mim, mas assim como você eu também aprendi, e amadureci muito mais do que antes julgava ser e não era. Hoje percebo isso. E amanhã vou perceber que hoje também não era. Engraçado esse vento chamado vida. Engraçado essa forma de amadurecer, de aprender, de sofrer, de viver.

''Te desejo uma fé enorme, em qualquer coisa, não importa o quê, como aquela fé que a gente teve um dia, me deseja também uma coisa bem bonita, uma coisa qualquer maravilhosa, que me faça acreditar em tudo de novo, que nos faça acreditar em tudo outra vez.'' - Caio F. Abreu

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